Cálculo renal acomete 20 milhões de brasileiros

O urologista Bernardo Pace: “a orientação é procurar o especialista ao sentir qualquer sintoma”
Histórico familiar, dieta rica em sal, falta de hidratação, consumo exagerado de proteínas de origem animal e de refrigerantes (colas) estão entre as principais causas da formação dos cálculos renais, popularmente chamados de “pedras nos rins”. Estima-se que entre 6% e 10% da população mundial sofra com esse problema que, sem o devido tratamento, coloca em risco o funcionamento dos dois filtros do organismo humano.
Apenas no Brasil, são cerca de 20 milhões de pessoas, um percentual considerado alto pelo diretor científico da Sociedade Brasileira de Urologia – Regional Minas Gerais, cirurgião do Serviço de Transplante Renal do Hospital Universitário da Faculdade de Ciências Médicas, Bernardo Pace.
Crises - Geralmente as pessoas descobrem que têm cálculo renal quando são acometido de episódio de dor intensa acompanhadas muitas vezes com um mal estar que inclui enjôo e vômito. A dor acontece quando o cálculo se desloca e obstrui o transito da urina entre o rim e a bexiga. Geralmente o cálculo fica alojado no ureter – que é o canal que liga o rim à bexiga - e causa uma distensão no rim. Isso gera todo o processo de dor. Passados alguns dias ou semanas, se nada for feito, essa obstrução gera lesões irreversíveis ao rim.
Segundo Bernardo Pace, este quadro é preocupante porque muitos pacientes que estão hoje em hemodiálise ou na fila para transplante de rim encontram-se nesta situação em virtude dos cálculos urinários não terem sido diagnosticados e/ou tratados adequadamente.
Nesse sentido o médico orienta à pessoa procurar o especialista ao sentir qualquer sintoma. “Uma vez feito o diagnóstico é possível optar por algumas técnicas para retirada desses cálculos. Atualmente, além dos procedimentos tradicionais, como cirurgia aberta, laparoscópica, percutânea e a litotripsia extra corpórea , temos também hoje a opção da ureterorrenolitotripsia flexível, com o uso do laser para quebrar os cálculos, com excelentes resultados, além de ser seguro para o paciente e minimamente invasivo”, informa.
Depois da retirada do cálculo, alerta, “é necessário continuar com o tratamento porque um paciente tem 50% de chance de voltar a ter o problema em um período de 10 anos”.
Estudo Metabólico - Outros tipos de cálculo renal também merecem atenção. De acordo com Bernardo Pace, existem inúmeros tipos e todos merecem atenção. Por exemplo, os pacientes que sofrem de gota têm 25% do organismo formar cálculos urinários por terem elevada taxa de ácido úrico no sangue e muitas vezes na urina. No entanto, esses cálculos são radio transparentes, ou seja, não aparecem muito nos exames comuns de raio x, o que dificulta o seu diagnóstico. Mas com o avanço dos exames por imagem, eles são detectáveis, por exemplo, pela tomografia.
Segundo Bernardo Pace, o consumo de líquidos é fundamental para evitar a formação de cálculos urinários. “Isso inibe a agregação dos cristais que formam os cálculos e evita também o crescimento daqueles que já estejam formados. Portanto, tomar dois ou três litros de água por dia é muito importante para se evitar a formação de cálculos urinários.”
Os alimentos cítricos como, laranja, limão, abacaxi, são ricos em citrato que tem uma função de inibir a formação dos cálculos urinários . Algumas pessoas têm baixa de citrato na urina e ficam aquém dessa proteção. Portanto, é muito importante fazer um estudo metabólico bem feito dos pacientes que formam cálculo na tentativa de elucidar se eles têm ou não baixa de citrato na urina.
Em suma, conclui o urologista, “a calculose renal é muito freqüente em nosso meio e pode trazer conseqüências muito graves aos seus portadores. Portanto, os pacientes devem procurar assistência médica adequada ao primeiro sinal de alerta da presença de pedras nos rins.”
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